sábado, 23 de junho de 2007

As palavras que podemos pintar (texto:Aida Silva)

Pintor
Um pintor pode pintar duas coisas opostas: a vida e a morte! A vida com vida e a morte com morte!
Ele tem o dom de conseguir virar o mundo de pernas para o ar, de fazer com que o sol brilhe de noite e a lua de dia.
No mundo que ele cria, não há vencidos, nem vencedores, há simplesmente uma alma perdida no espaço.
Um pintor é um actor, que faz várias representações, não num palco, mas sim com uma tela e um pincel.
Cor
A cor, é a luz do pintor, com ela, ele pode pintar o mar e a terra. O sol e a lua ...
Infinita é a cor como infinita é a alma do pintor.
Tela
A tela é o espelho mágico em que o pintor pinta o que quer ver.
Pincel
O pincel é um talher, não para comer a sopa, mas para fazer o que o pintor quer.
Cores primárias
Cores primárias são cosmos que o pintor pode pintar, representando-os como sendo o sol, o amor e o mar.

Cores secundárias
Com as cores secundárias o pintor pode pintar um pôr-do-sol, um lírio roxo e um campo de relva...

Branco
O branco é uma felicidade silenciosa.

Preto
Preto é escuridão. É a noite sem lua e sem estrelas.



Ponto
O ponto pode ser facilmente apagado. É um sinal de nascença e que morre quando o pintor parte para o outro lado.
Um ponto é um mistério, um tesouro perdido numa ilha, com barcos e piratas à volta... É uma pinta de joaninha que voa... voa... e vai parar a Lisboa.



Linha
A linha são pequeninas pintinhas que juntas fazem belas transformações e criam visões, com ela podemos fazer casas, casinhas e casarões. Bolas, bolinhas e bolões...
A linha não é só infinita, é também invisível. Só a conseguem ver, aqueles que têm a alma pura e silenciosa.
A linha é curta como a vida. Pequena como a alma. Grande como o silencio. “Redonda” como a terra. Aos altos e baixos como uma montanha. Quebrada como um vidro de uma janela...
A linha pode ser uma sina, em que o príncipe encontra a princesa e a princesa encontra o príncipe e juntos eternamente viverão para sempre.



Lápis
Com lápis e lapinhos, com ou sem cor, fazem do pintor um criador. O pintor sem eles, é como um macaco sem bananas, um mar sem peixes e um amor sem corações. Basta uma mão meiga, doce e leve, para fazer um pequenino filme de chocolates, chupa-chupas e bombons, a dançarem dentro da boca de uma criança.
O lápis é o esqueleto. A mão é mente. O pintor é aquele que cria.



Borracha
A borracha consegue apagar palavras, mas nunca sentimentos que o pintor pode pintar.



Folha de papel
A folha de papel é a caixinha mágica do pintor, que nele contêm alegrias e tristezas. Uma folha em branco é um terrível inimigo, principalmente quando a mente se apaga.



Aguarela
A aguarela é uma suave pintura, que se confunde com as nuvens brancas e o azul do céu.



Cavalete
O cavalete é um suporte... um suporte de uma vida inteira. É um instrumento musical, que o pintor leva para onde quer. É como o vento, percorre vários sítios e consegue ver pequeninos momentos.

Vermelho
O vermelho é o sangue, que corre nas veias de uma criança apaixonada pela vida, e dum adulto redescoberto. É a cor dos apaixonados.
Simboliza a alegria como o começo da vida e a tristeza como o fim de uma existência...



Azul
O azul é a cor do céu, onde sobrevoam almas perdidas e cantam passarinhos...


Verde
A cor verde, á a cor dos antigos bancos de jardim, onde no passado se sentavam dois eus a olhar o infinito e a partilharem sentimentos...
Verde, é a esperança que eu não consigo alcançar. É a relva onde crianças como eu devem brincar e contar histórias de embalar.


Amarelo
Amarelo, é a cor do meu caderno com um cavalo branco. É a luz das estrelas, quando me querem falar. É a cor do limão, quando está amadurecido, mas amarga na boca e consegue adoçar os olhos. É quente como uma estação − O Verão!


Castanho
O castanho, faz lembrar o Outono, com folhas a cintilar. Faz reviver a terra. Castanho é a cor dos meus cabelos, que morreram um dia e nascerão num próximo. É a cor do chocolate quente, que faz bolhinhas e está pronto, para ser bebido por uma palhinha.
Cinzento
Cinzento, é a cor dos cabelos grisalhos. É o tempo a envelhecer e o Inverno a chegar. É o fumo das chaminés a sair. É a cor das cidades do futuro.
Silêncio
O silêncio é algo que não se ouve, mas que se sente. É o espirito dos fracos e o dom dos fortes! É um significado para muitos significados. É a minha vida! É o ar, que eu respiro! É a paixão que eu vivo!
O silêncio, não se consegue descrever, já está descrito!
Segredo
Segredo é aquilo que tu guardas dentro de ti e que não podes contar a ninguém, “nem mesmo a ti próprio”.

Amor
Amor, são quatro letras, duas vogais e duas consoantes. É a palavra que todos deviam sentir, nem que fosse por uma pedra da calçada!
Amor, é um mistério que nem as estrelas conseguem revelar. É a vida que todos deviam viver e a estrada do futuro que devim percorrer...
Amor, é como viajar de autocarro, olhar o céu e sentir o vento na cara a bater! É o grito, que fica por dizer, depois da morte!



Ódio
O ódio é como o fogo, destrói! Mata e faz morrer! Vive e faz viver!



Alma
A Alma é uma imaginação figurativa. É tão pequena que nem ocupa espaço.

Sorrir
Sorrir é mentir, é dizer que a vida é bela sem o ser! É cantar sem ter música. É tirar partido das coisas tristes. É um gesto que não precisa de palavras...

Grito
O grito é um alívio da alma! É um desespero, que se pode ou não ouvir... é um fugir figurado, que pode doer!



Gostar
O gostar, é como comer chocolates... é o sabor de muitos sabores! É a mente a comunicar, com os cinco sentidos...



Acordar
Acordar, é o despertar de uma vida! É um corpo meio a dormir cambaleando... é o barulho do relógio da cidade e do galo da aldeia. É ver o pôr-do-sol e a noite com e sem estrelas, percorrendo caminhos determinados pelo destino!



Sonhar
Sonhar, é sentir. É uma forma de viver. É poder contar as estrelas que brilham no céu. É ter a infância nas mãos. É o passado nunca pensado, o presente vivido e sentido e o futuro transformado em presente...



Desaparecer
Desaparecer, significa fugir. Ir morrendo juntamente com o vento navegando por entre ondas de gritos e percorrendo o infinito com a mente...

Morte
A morte é o fim de todos os fins. É o resumo do desejo de muitos seres, cansados de viver.
É o medo de percorrer horizontes desconhecidos. É uma palavra difícil de entender o seu porquê?
A morte é dormir e depois voar!...



Suicídio...
Para uns, suicídio é um acto espontâneo, para outros, um acto pensado!... É pôr fim ao que a mente não consegue captar e entender... É cobardia e coragem de se render à vida e à morte! É ver o hemisfério desaparecer por entre as nuvens!
É o fim de uma história cujo título se chama vida!



Olhos
Os olhos conseguem ver horizontes visíveis e invisíveis, com e sem imagens... Podem inspirar dor, traição, desejo, rebeldia, amor e compaixão... fixam e desfixam pequenos actos.
Às vezes vêem coisas que não devem.



Loucura...
Loucura é o que cometemos “ sem pensar”. É viver num mundo bem distante dos outros mundos... é amar o silêncio da noite e percorrer caminhos contando as estrelas...

Dormir
Para mim dormir é fechar os olhos, respirar profundamente e sonhar que no dia a seguir não vamos acordar... para ti talvez seja fechar os olhos e no dia a seguir simplesmente acordar?!



Verdade
A verdade é como entrar num autocarro, fazer uma cara estranha e um amigo, te dizer o que estás a pensar! Às vezes é invisível para os olhos, outras visível para o coração... É um tesouro, que muito poucos conseguem alcançar e ter! É uma caixinha fechada a sete chaves, em que só tu conténs a chave, para a poderes abrir...



Mentira
Mentira é dizeres que és o dono do mundo... Ninguém é dono de ninguém, nem mesmo tu! É uma caixinha, que só os mentirosos têm e os verdadeiros recusam ter e por vezes são julgados...



Pintar
Pintar é crescer! Pintar é sentir! Pintar é uma forma de amar. É tornar sonhos em realidades. É voar como o vento e sorrir com o pôr-do-sol.
Eu posso pintar! Tu podes pintar! Todos nós podemos, pintar! Basta sentir e nunca julgar!



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