quinta-feira, 28 de junho de 2007

Um livro para pequenos e graúdos, que nunca passa de moda!


Este livro relembra-me o secundário, uma das minhas provas globais da disciplina de Oficina de Artes, uma das questões era a ilustração de um excerto do livro. Em x minutos tinha que elaborar uma ilustração.
Para fazer a ilustração escolhi as colagens...
Fazer uma ilustração à base de colagens em x minutos é uma proeza! Ficou gira a minha ilustração, ficou uma alma de criança representada para mais tarde recordar. Foi uma das provas que mais adorei fazer ao longo do meu percurso pelo secundário.

Abre a porta e ...

Desenho: Aida Silva



Abre a porta da tua vida e caminha em frente, ultrapassa obstáculos!... Os bons e os maus momentos fazem parte da tua caminhada, são opostos da nossa existência e conduzem a nossa sabedoria... Aprende a ser feliz mesmo que exista apenas uma luzinha no fundo do túnel!... Acorda e sai dessas quatro paredes que te provocam angustia.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Poema

Animais Selvagens!

Moinhos do passado,
Englobados na paisagem verde,
Peçam ao vento para fazer girar,
O pano das velas brancas,
Que outrora moeram,
Cereais cultivados pelo povo.

Abram as mentes futuras,
Para não se esquecerem,
Das cores das paredes pintadas,
Com trincha de pelo de crina de cavalo,
Animais selvagens,
Que vivem na liberdade,
Do mundo!

Assinado:
"um eu que sente o passado como percurso do futuro..." ou simplesmente Aida Silva

terça-feira, 26 de junho de 2007

Pássaro

Aida silva (Paint)


Um pássaro que voa de galho em galho como as Educadoras de Infância de escola em escola.

“ O essencial é que, sem arte, a visão do mundo seria incompleta”

Konrad Fierdler in A educação Estético-Visual no Ensino Escolar

Poema " Te Doy El Sol"

Te doy el sol,
Te doy la luna,
No te doy todas las estrellas,
Porque son infinitas,
Te doy simplemente una,
Para que pueda brillar,
En tu cielo imaginario,
Y que te haga sentir,
Que tu también puedas soñar.
Assinado:
"um eu que gosta de escrever e de pintar..." ou simplesmente Aida Silva

sábado, 23 de junho de 2007

As palavras que podemos pintar (texto:Aida Silva)

Pintor
Um pintor pode pintar duas coisas opostas: a vida e a morte! A vida com vida e a morte com morte!
Ele tem o dom de conseguir virar o mundo de pernas para o ar, de fazer com que o sol brilhe de noite e a lua de dia.
No mundo que ele cria, não há vencidos, nem vencedores, há simplesmente uma alma perdida no espaço.
Um pintor é um actor, que faz várias representações, não num palco, mas sim com uma tela e um pincel.
Cor
A cor, é a luz do pintor, com ela, ele pode pintar o mar e a terra. O sol e a lua ...
Infinita é a cor como infinita é a alma do pintor.
Tela
A tela é o espelho mágico em que o pintor pinta o que quer ver.
Pincel
O pincel é um talher, não para comer a sopa, mas para fazer o que o pintor quer.
Cores primárias
Cores primárias são cosmos que o pintor pode pintar, representando-os como sendo o sol, o amor e o mar.

Cores secundárias
Com as cores secundárias o pintor pode pintar um pôr-do-sol, um lírio roxo e um campo de relva...

Branco
O branco é uma felicidade silenciosa.

Preto
Preto é escuridão. É a noite sem lua e sem estrelas.



Ponto
O ponto pode ser facilmente apagado. É um sinal de nascença e que morre quando o pintor parte para o outro lado.
Um ponto é um mistério, um tesouro perdido numa ilha, com barcos e piratas à volta... É uma pinta de joaninha que voa... voa... e vai parar a Lisboa.



Linha
A linha são pequeninas pintinhas que juntas fazem belas transformações e criam visões, com ela podemos fazer casas, casinhas e casarões. Bolas, bolinhas e bolões...
A linha não é só infinita, é também invisível. Só a conseguem ver, aqueles que têm a alma pura e silenciosa.
A linha é curta como a vida. Pequena como a alma. Grande como o silencio. “Redonda” como a terra. Aos altos e baixos como uma montanha. Quebrada como um vidro de uma janela...
A linha pode ser uma sina, em que o príncipe encontra a princesa e a princesa encontra o príncipe e juntos eternamente viverão para sempre.



Lápis
Com lápis e lapinhos, com ou sem cor, fazem do pintor um criador. O pintor sem eles, é como um macaco sem bananas, um mar sem peixes e um amor sem corações. Basta uma mão meiga, doce e leve, para fazer um pequenino filme de chocolates, chupa-chupas e bombons, a dançarem dentro da boca de uma criança.
O lápis é o esqueleto. A mão é mente. O pintor é aquele que cria.



Borracha
A borracha consegue apagar palavras, mas nunca sentimentos que o pintor pode pintar.



Folha de papel
A folha de papel é a caixinha mágica do pintor, que nele contêm alegrias e tristezas. Uma folha em branco é um terrível inimigo, principalmente quando a mente se apaga.



Aguarela
A aguarela é uma suave pintura, que se confunde com as nuvens brancas e o azul do céu.



Cavalete
O cavalete é um suporte... um suporte de uma vida inteira. É um instrumento musical, que o pintor leva para onde quer. É como o vento, percorre vários sítios e consegue ver pequeninos momentos.

Vermelho
O vermelho é o sangue, que corre nas veias de uma criança apaixonada pela vida, e dum adulto redescoberto. É a cor dos apaixonados.
Simboliza a alegria como o começo da vida e a tristeza como o fim de uma existência...



Azul
O azul é a cor do céu, onde sobrevoam almas perdidas e cantam passarinhos...


Verde
A cor verde, á a cor dos antigos bancos de jardim, onde no passado se sentavam dois eus a olhar o infinito e a partilharem sentimentos...
Verde, é a esperança que eu não consigo alcançar. É a relva onde crianças como eu devem brincar e contar histórias de embalar.


Amarelo
Amarelo, é a cor do meu caderno com um cavalo branco. É a luz das estrelas, quando me querem falar. É a cor do limão, quando está amadurecido, mas amarga na boca e consegue adoçar os olhos. É quente como uma estação − O Verão!


Castanho
O castanho, faz lembrar o Outono, com folhas a cintilar. Faz reviver a terra. Castanho é a cor dos meus cabelos, que morreram um dia e nascerão num próximo. É a cor do chocolate quente, que faz bolhinhas e está pronto, para ser bebido por uma palhinha.
Cinzento
Cinzento, é a cor dos cabelos grisalhos. É o tempo a envelhecer e o Inverno a chegar. É o fumo das chaminés a sair. É a cor das cidades do futuro.
Silêncio
O silêncio é algo que não se ouve, mas que se sente. É o espirito dos fracos e o dom dos fortes! É um significado para muitos significados. É a minha vida! É o ar, que eu respiro! É a paixão que eu vivo!
O silêncio, não se consegue descrever, já está descrito!
Segredo
Segredo é aquilo que tu guardas dentro de ti e que não podes contar a ninguém, “nem mesmo a ti próprio”.

Amor
Amor, são quatro letras, duas vogais e duas consoantes. É a palavra que todos deviam sentir, nem que fosse por uma pedra da calçada!
Amor, é um mistério que nem as estrelas conseguem revelar. É a vida que todos deviam viver e a estrada do futuro que devim percorrer...
Amor, é como viajar de autocarro, olhar o céu e sentir o vento na cara a bater! É o grito, que fica por dizer, depois da morte!



Ódio
O ódio é como o fogo, destrói! Mata e faz morrer! Vive e faz viver!



Alma
A Alma é uma imaginação figurativa. É tão pequena que nem ocupa espaço.

Sorrir
Sorrir é mentir, é dizer que a vida é bela sem o ser! É cantar sem ter música. É tirar partido das coisas tristes. É um gesto que não precisa de palavras...

Grito
O grito é um alívio da alma! É um desespero, que se pode ou não ouvir... é um fugir figurado, que pode doer!



Gostar
O gostar, é como comer chocolates... é o sabor de muitos sabores! É a mente a comunicar, com os cinco sentidos...



Acordar
Acordar, é o despertar de uma vida! É um corpo meio a dormir cambaleando... é o barulho do relógio da cidade e do galo da aldeia. É ver o pôr-do-sol e a noite com e sem estrelas, percorrendo caminhos determinados pelo destino!



Sonhar
Sonhar, é sentir. É uma forma de viver. É poder contar as estrelas que brilham no céu. É ter a infância nas mãos. É o passado nunca pensado, o presente vivido e sentido e o futuro transformado em presente...



Desaparecer
Desaparecer, significa fugir. Ir morrendo juntamente com o vento navegando por entre ondas de gritos e percorrendo o infinito com a mente...

Morte
A morte é o fim de todos os fins. É o resumo do desejo de muitos seres, cansados de viver.
É o medo de percorrer horizontes desconhecidos. É uma palavra difícil de entender o seu porquê?
A morte é dormir e depois voar!...



Suicídio...
Para uns, suicídio é um acto espontâneo, para outros, um acto pensado!... É pôr fim ao que a mente não consegue captar e entender... É cobardia e coragem de se render à vida e à morte! É ver o hemisfério desaparecer por entre as nuvens!
É o fim de uma história cujo título se chama vida!



Olhos
Os olhos conseguem ver horizontes visíveis e invisíveis, com e sem imagens... Podem inspirar dor, traição, desejo, rebeldia, amor e compaixão... fixam e desfixam pequenos actos.
Às vezes vêem coisas que não devem.



Loucura...
Loucura é o que cometemos “ sem pensar”. É viver num mundo bem distante dos outros mundos... é amar o silêncio da noite e percorrer caminhos contando as estrelas...

Dormir
Para mim dormir é fechar os olhos, respirar profundamente e sonhar que no dia a seguir não vamos acordar... para ti talvez seja fechar os olhos e no dia a seguir simplesmente acordar?!



Verdade
A verdade é como entrar num autocarro, fazer uma cara estranha e um amigo, te dizer o que estás a pensar! Às vezes é invisível para os olhos, outras visível para o coração... É um tesouro, que muito poucos conseguem alcançar e ter! É uma caixinha fechada a sete chaves, em que só tu conténs a chave, para a poderes abrir...



Mentira
Mentira é dizeres que és o dono do mundo... Ninguém é dono de ninguém, nem mesmo tu! É uma caixinha, que só os mentirosos têm e os verdadeiros recusam ter e por vezes são julgados...



Pintar
Pintar é crescer! Pintar é sentir! Pintar é uma forma de amar. É tornar sonhos em realidades. É voar como o vento e sorrir com o pôr-do-sol.
Eu posso pintar! Tu podes pintar! Todos nós podemos, pintar! Basta sentir e nunca julgar!



quarta-feira, 20 de junho de 2007

A fada trapalhona (texto: Cristina Mateus/ ilustraçoes:Aida Silva)


As fadas são como as pessoas. Nascem, crescem, vão para à escola e um dia, quando são muito, muito velhinhas morrem.
Lília era uma fada com muitos, muitos anos e ensinava as fadas mais novas a compreenderem o mundo, a natureza, as pessoas e as coisas. Todas as outras fadas tinham muito respeito e admiração por Lília, porque ela sabia sempre a solução de todos os problemas e era uma óptima professora pois tinha muita paciência até com as mais novas , mesmo quando estas faziam alguma traquinice.


Quando estava bom tempo, ela e todas as fadas voavam sobre as florestas, os rios, as cidades e os campos cultivados. Ensinava-lhes o nome das árvores, das plantas, das flores, dos rios, das cidades, das ruas, das aldeias, das meninas e dos meninos.
Quando chovia sentavam-se debaixo das pétalas das flores ou dos cogumelos e aprendiam a escrever, a ler e a contar. Sempre que a chuva diminuía e o sol começava a espreitar iam procurar o arco-íris e com ele aprendiam as cores.


Elas também aprendiam a distinguir uma fada de uma bruxa e sabiam quais eram os disfarces que as bruxas utilizavam para fazer mal às fadas.
As fadas aprendiam muito depressa e quando já conheciam todas as coisas e sabiam espalhar a bondade e a alegria no coração dos homens, era-lhes dada uma varinha mágica. Assim já podiam ajudar as pessoas e os animais sozinhas.

Num lindo dia de Primavera foi a vez da fada Janina receber a varinha de condão. Foi a própria fada Lília que lha entregou. Janina era a fada mais inteligente e bondosa de toda a escola e por isso foi incumbida de ensinar às outras fadas tudo o que elas precisavam de saber sobre as cidades.Janina levou para casa uma caixa enorme cheia de garrafinhas pequenas. Em cada garrafa estavam as letras do nome de cada cidade e três flores. As flores significavam o passado, o presente e o futuro de cada cidade e nunca murchavam.Quando chegou a sua casa, guardou a caixa no cimo de um armário para que a sua irmã mais nova, a fada Soraia, não conseguisse chegar lá e para evitar que ela partisse alguma garrafa.

Durante muitos, muito anos Janina ensinou tudo o que sabia sobre as cidades e sempre que havia alguma cidade nova, Janina levava mais uma garrafinha para a caixa. Ao mesmo tempo, a sua irmã Soraia foi crescendo mas nem parecia uma fada. Era antipática e malcriada. Não queria ir para a escola e quando ia estava sempre desatenta e a pregar partidas às outras fadas. Por isso, ninguém ficou surpreendido quando todas as fadas da sua idade receberam a varinha mágica e ela não, pois ainda mal sabia o nome das coisas e não sabia ler nem escrever.
Muito revoltada Soraia fugiu e voou durante muitos dias para muito longe. Quando já estava cansada resolveu sentar-se à sombra de um malmequer e pouco depois adormeceu.

Quando acordou estava ao seu lado um lindo pássaro colorido, que era uma bruxa disfarçada, e lhe perguntou o que estava ali a fazer. Soraia mentindo respondeu que tinha sido expulsa do reino das fadas e que todas as outras fadas eram más para ela. O pássaro voou para o seu ombro e perguntou-lhe se ela era uma fada, porque não tinha uma varinha mágica. A fada respondeu que também lhe tinham tirado a varinha mágica e que sem ela tinha poucos poderes.



A bruxa pensava que era verdade e como queria entrar no reino das fadas para roubar a inteligência da sábia Lília e acabar com a bondade das fadas, tentou convencer a fada Soraia a voltar. A princípio ela não quis, mas quando o passarinho lhe disse que a ajudava a ter de volta a sua varinha mágica ela aceitou. Assim, a bruxa malvada e a fada mentirosa voltaram para o reino das fadas que ficava num lindo jardim debaixo de um carvalho enorme. Quando já estavam perto, o passarinho escondeu-se no bolso do vestido da fada para não ser visto.


As fadas andavam todas muito aflitas atrás da fada Soraia e quando a viram ficaram muito contentes por saberem que ela estava bem. Perguntaram-lhe onde tinha estado e ela disse que se perdeu quando ia procurar borboletas, que são as melhores amigas das fadas.






Ela foi tão convincente que todas acreditaram nela e Janina levou-a para casa.
Iam a conversar pelo caminho quando Soraia tropeçou e caiu. O pássaro que estava no seu bolso saiu a voar muito depressa e de repente a bruxa voltou à sua forma normal. Soraia, sem perceber o que se estava a passar ficou pasmada a olhar para ela. Enquanto isso, Janina que era uma fada muito boa e muito inteligente, percebendo que o pássaro era uma bruxa disfarçada, pegou na sua varinha mágica e enfeitiçou a bruxa, transformando-a numa linda roseira, porque as bruxas detestam tudo o que é bom e belo.






Só nessa altura é que a fada Soraia percebeu o que se estava a passar e então começou a chorar, muito arrependida. Contudo, o conselho das fadas reuniu-se e decidiu que ela deveria ser castigada. Soraia ficou obrigada a ir sempre à escola, a prestar atenção nas aulas e foi proibida de sair do reino das fadas.


Durante alguns meses, ela cumpriu, indo à escola, aprendendo e portando-se bem, mas a pouco e pouco foi deixando de estar atenta na escola, voltou a atrasar-se nas lições e a pregar partidas. Então, já cansada das suas traquinices e do seu mau feitio, Janina, proibiu-a de sair de casa, para que não perturbasse todas as outras fadas.

Um dia em que estava sozinha, Soraia lembrou-se da caixa das garrafinhas. Foi procurá-la e encontrou-a no cimo de um armário. Estava muito maior do que da última vez que a tinha visto, já havia muito mais cidades. Foi buscar um banco e como mesmo assim não conseguia chegar-lhe, desceu e foi buscar outro banco. Colocou-o em cima do primeiro e subiu com alguma dificuldade.
Quando se pôs de pé ficou fascinada com o que via. No interior da caixa estavam imensas garrafinhas pequenas que continham cada uma três flores e várias letras. Soraia não sabia o que eram letras, qual o seu significado, nem porque estavam ali as flores.

Muito curiosa pegou numa das garrafas que estava mais à ponta, e começou a observá-la com atenção. As letras mexiam-se, gritavam e pareciam muito assustadas por vê-la. A fada Soraia deu uma gargalhada e quando ia colocar aquela garrafa na caixa para pegar noutra, desequilibrou-se e caiu.
Por sorte não se aleijou, mas a garrafa que estava na sua mão, voou pelo ar, bateu com força no parapeito da janela aberta que estava ali ao lado e partiu-se em mil bocadinhos. As letras desapareceram e as flores misturaram-se com todas as flores do jardim.


Muito aflita, Soraia endireitou os bancos e foi colocá-los ao pé da mesa. Depois procurou sem descanso as letras, mas elas tinham fugido com muito medo, então decidiu ir ao jardim para tentar encontrar as flores, mas havia tantas iguais que ela não sabia quais eram as da garrafa. Desesperada voltou para casa e pegou num livro para que quando a irmã chegasse, pensasse que ela estava a estudar.



Ao fim da tarde, Janina voltou para casa. Ficou muito admirada de ver a irmã estudar e pensou que finalmente ela tinha ganho juízo. Trazia mais uma garrafinha para colocar na caixa, e assim que olhou para dentro dela, deu logo pela falta de uma. Janina conhecia muito bem todas as garrafinhas e sabia distingui-las como ninguém, por isso soube logo que a garrafinha que faltava era a da cidade de Trofa. Correu a perguntar à irmã pela garrafa, onde é que a tinha escondido. Soraia ainda disse que não tinha mexido em nada, mas ao ver a cara furiosa da irmã disse que uma das garrafinhas tinha saltado lá de cima e se tinha ido embora sozinha.
Janina sabia muito bem que as garrafinhas não se mexiam sozinhas e por isso exigiu que lhe contasse a verdade.
Muito envergonhada a fada Soraia contou que tinha pegado numa garrafinha e que a tinha deixado cair. Disse que já havia procurado pelas letras e pelas flores e que não as tinha encontrado.
Foram avisadas todas as fadas para que ajudassem a procurar. Durante horas procurou-se em todo o jardim e dentro de casa, mas nem sinal das letras nem das flores.


Em todo o país estava instalado o caos. Os jornais e as televisões só falavam do insólito desaparecimento da cidade de Trofa. No seu lugar havia apenas árvores e arbustos e só o Rio Ave continuava o seu percurso diário.
O conselho das fadas reuniu-se de emergência, mas desta vez, nem a sábia Lília sabia como resolver o problema, porque nunca antes se tinha partido nenhuma garrafa pois todas as fadas eram muito cuidadosas.
Decidiu-se que a fada Soraia deveria ser expulsa para sempre do reino das fadas.

Muito triste e zangada consigo própria ela decidiu que haveria de encontrar uma solução.
Durante muitos anos viveu sozinha numa casa muito pequenina debaixo das folhas de um pequeno arbusto e todos os dias se levantava muito cedo para ir aprender sobre as coisas da natureza, dos animais e das pessoas. Ao fim de muito tempo ela já sabia tanto como a própria Janina e decidiu voltar.
Contudo não foi bem recebida e as fadas disseram-lhe que só seria aceite se conseguisse encontrar as letras da cidade de Trofa e as flores que simbolozavam o seu passado, o presente e o futuro.


Muito triste e muito, muito arrependida de tudo quanto tinha feito desde que era pequenina, a fada Soraia voltou para casa a chorar. Quando chegou, estava à sua porta a Doriza, a fada das fadas. Ao todo o seu arrependimento e toda a bondade que tinha o seu coração, disse-lhe a solução do problema. As letras estavam escondidas no livro mágico de Lília. Deveria abri-lo com muito cuidado e sorrir-lhes pois agora elas já não teriam medo dela por verem nela tanta bondade. As flores que simbolizavam o passado, o presente e o futuro da cidade de Trofa eram as primeiras que desabrochassem na Primavera seguinte.



Muito contente, a fada Soraia voltou para o reino das fadas e fez como Doriza, lhe dissera.
Na Primavera seguinte tudo voltou ao normal e a fada Soraia recebeu finalmente a sua varinha mágica e com ela encantou todos os homens para que não se lembrassem do desaparecimento da cidade de Trofa.